segunda-feira, 20 de julho de 2009

COURAGE

O que mudou no tratamento da angina estável após o estudo Courage?

A Medicina tem muitos modismos.Na era da Medicina baseada em evidências,na cardiologia,alguns ensaios se sobressaem.É o caso do estudo Courage.O que podemos depreender de seus resultados e utilizarmos na nossa prática médica?
O "courage" foi desenhado para investigar se a estratégia de intervenção coronária percutânea(ICP) associada ao tratamento clínico otimizado(TCO) seria capaz de reduzir o risco de óbito e infarto(objetivo primário) quando comparada ao TCO isolado.Até esse momento,nenhuma diferença na ocorrência de óbito e infarto do miocárdio havia sido observada,em pacientes com angina de peito,com a ICP quando comparados ao tratamento clínico.A vantagem de se realizar a ICP nesses pacientes com estenoses coronárias estáveis,resumia-se ao alívio dos sintomas,à melhor qualidade de vida e ao menor número de revascularizações repetidas na evolução.
Vejamos os critérios de inclusão do trial:de 35.539 casos avaliados para serem recrutados,aproximadamente 2.000 foram,realmente,elegíveis.Assim,isso nos leva a uma população pouco representativa de coronarianos estáveis.Então,deve-se lembrar que não sendo essa população estudada realmente representativa da população global de coronarianos,os resultados do estudo,se adotados,não devem ser generalizados.Além disso,foram excluídos anginosos classes III e IV,sem coronariografia,com FE ruim,mulheres...Também,observou-se um "cross-over"elevado do grupo TCO para o grupo TCO + ICP,o que implica uma razoável contaminação e favorecimento do grupo TCO.Logo,as diferenças esperadas,diminuem com o cruzamento elevado dos tipos de tratamento.Outro fato que favoreceu o grupo TCO foi a aderência elevada à medicação múltipla,atingindo-se as metas preconizadas pelas diretrizes,em níveis de 85% a 90%,até o quinto ano de observação.Isso é surreal!Por outro lado,o desempenho da ICP foi subótimo,o que beneficiou o grupo TCO.A maioria dos pacientes foi revascularizado incompletamente e,somente 2,7% dos casos receberam stents farmacológicos.

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