segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

VII CardioInterv - Curitiba - 07 e 08 de dezembro de 2007

Colegas!

Estivemos em Curitiba nos dias 07 e 08 de dezembro onde ocorreu o 7º CardioInterv, Simpósio Internacional de Cadiologia Invasiva para Clínicos. Esse é o 4º ano que participamos do evento. Sempre é um prazer retornar a Curitiba, pois é uma cidade bonita, inovadora, com um planejamento urbanístico que chama a atenção.

O CardioInterv esteve muito interessante tanto na apresentação dos casos clínicos ao vivo como os editados, além das palestras proferidas por eminentes cardiologistas do Brasil e do exterior. Vários temas da atualidade foram abordados: tratamento de bifurcações, tronco de coronária esquerda, oclusões crônicas, stents farmacológicos, valvuloplastias, tratamento do IAM, novos dispositivos (stents coronários, stents valvulares, tomografia óptica)...

Em relação às bifurcações, além das técnicas desenvolvidas e dominadas pelos hemodinamicistas, chamou a atenção um novo stent que está sendo testado no Instituto Dante Pazzanezi de Cardiologia - SP - pelo Dr. Alexandre Abizaid que consiste numa espécie de abertura no meio do stent que possibilita o acesso a ramos secundários e se abre na forma de uma "couve-flor". Obviamente, esse local apresenta marcadores para nos darem uma visão espacial do óstio do ramo secundário. O paradigma para bifurcação continua sendo o stent provisional (stent no vaso principal e balonarmos o óstio do ramo secundário).

A abordagem do tronco da coronária esquerda continua sendo um grande desafio e a idéia é que os pacientes sejam selecionados para esse tipo de procedimento, pois o índice de reestenose é considerável.

O tratamento das oclusões crônicas, apresentado pelo Dr. Antônio Serra (Madrid - Espanha), também deverá ser observado a criteriosa seleção dos pacientes. Somente deveremos tratar quem realmente tem isquemia nas áreas correlacionadas ao vaso a ser tratado. 95% dos casos a técnica para tentativa de recanalização deve consistir de um catéter menor a ser introduzido até as imediações da oclusão e então, utilizarmos fios-guias da menor à maior consistência. Como segunda escolha, lançarmos mão da técnica com dois fios-guias (tunelização). Por fim, a palavra-chave nesses casos se chama "paciência".

Os stents farmacológicos, motivo de grande discussão na literatura, foram apresentados dentro da ótica atual baseada nos resultados dos últimos ensaios (Ravel, Sirius) com seguimento de quatro anos. Foi demonstrado a possibilidade de trombose tardia, de 0,5% ao ano (stents convencionais 0,8%) em pacientes off label (diabéticos, lesões longas > 20mm, vasos finos < 2,75mm). Devemos manter o uso dos antiadesivos plaquetários por um ano. E em alguns casos conforme os fatores de risco, indefinidamente. Qual o melhor farmacológico? Cypher e Taxus apresentaram resultados semelhantes e são os únicos acompanhados por longo tempo.

O Dr. Grube (Alemanha) apresentou a técnica de valvuloplastia mitral que consiste em tratar a insuficiência mitral com uma prótese ancorada nos folhetos similar a técnica cirúrgica de Alfiéri. Na próxima semana será implantado o primeiro stent mitral no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Dr. Grube enfatizou que até 2010, provavelmente, os hemodinamicistas estarão tratando as insuficiências mitrais e os pacientes não precisarão mais de cirurgia.

Em relação ao IAM, as considerações do Dr. Luiz Alberto Mattos, Hospital do Coração - SP - reforçam o valor das diretrizes da SBHCI e da SBC, ou seja, a palavra tempo é o segredo no tratamento do IAM. Até 3 horas angioplastia ou trombolítico são uma boa opção. A partir de 3 horas o tratamento intevencionista se impõe. A transferência de pacientes de hospitais que não possuem hemodinâmica para hospitais que possuem só é viável se isso for feito de 90 a 120 minutos. O tempo porta-balão ideal é de 30 minutos.

Vários stents estão sendo testados com novos polímeros, novas drogas, stents bioabsorvíveis para diminuir o percentual de 0,5% de trombose tardia descritos na literatura, além dos stents para bifurcação.

Em relação a métodos diagnósticos, a tomografia óptica que consiste num ultra-som com emissão de feixes de luz foi apresentado mostrando uma qualidade de imagem superior ao ultra-som coronário convencional.

Em caso de trombose aguda no momento do procedimento, chamou-nos a atenção a ressuscitação do Abciximab (Reopro) associado ao RTPA com ótimos resultados de reperfusão superior mesmo ao uso de catéteres de aspiração de trombos.

Em termos de prevenção, tivemos a participação do Dr. Protásio que voltou a enfatizar os fatores que podem diminuir a possibilidade de doenças cardiovasculares destacando o não fumar e o exercício físico diário como os principais determinantes de menor morbimortalidade.

Por fim, a oportunidade de reencontrarmos colegas do norte ao sul, nossos amigos da SBHCI, confraternizarmos, trocarmos idéias e reverenciarmos a presença do Dr. Norberto Galiano, figura lendária da hemodinâmica, pois foi o primeiro hemodinamicista no mundo a tratar um IAM com catéter em 1972, em São Paulo.

Um grande abraço ao grupo Amigos do Icor!

Esperando contribuir com o conhecimento dos colegas, despeço-me.